28 dezembro 2015

Os estrangeirismos na língua portuguesa (artigo)

"Acabei de ouvir numa televisão portuguesa um ministro português dizer algo como “(…) têm de “setocar (…)”. Como reconheço, sempre que isso o exija, a minha ignorância e o meu desconhecimento de muitas palavras e expressões portuguesas tentei procurar nuns dicionários (por acaso dois e bem reconhecidos) o que quereria dizer aquela palavra sublinhada. Nada! Népia! Nothing (como está na moda…)!

Bom, se os dicionários não me ajudam, bota lá uma ida ao “sabe tudo”: o Google. Surpresa, também não conhecia esta palavra.

Bolas se um ministro, um membro responsável governativo e representante nacional (de qualquer que seja o país) perante os jornalistas e em representação do seu país (ou de outro qualquer, neste caso, era português) envia para o éter esta palavra é porque existe; não será?

Mas como o Google quando não reconhece alguma palavra dá-nos sempre uma pista, fiquei a aguardar; poderia ser um brasileirismo. Como se sabe os brasileiros, nós agora também usamos muito deste exagero, usam muitos estrangeirismos, principalmente anglicismos, para mostrar, penso eu – talvez esteja errado –, alguma sabedoria intelectual utilizando-as como expressões de português, de uso corrente. Isto quando não usam mesmo palavras estrangeiras nos seus vocábulos.

Ora o Google também me esclareceu… NADA! Ainda avançou se eu não quereria dizer… «Stock»? Coitados dos ianques, tipo “português”, ficaram bué malucos!

Pois, é que uma coisa será adoptar como nossas, palavras que não existiriam no léxico português; outra é havê-las e usar com denodo um estrangeirismo. Nos primeiros casos, estava a recordar de “abat-jour” “anorak”, “atelier”, “ayatollah” “badminton”, “ballet”, “barman”, “blog”, “cartoon”, “donut”, “doping”, “dossier”, “dumping”, “eau-de-toilette”, “fair-play”, “gulag”, “self-service”, “sexy”, “soutien” e muitas e muitas dezenas de palavras nas mesmas condições. A maioria manteve a palavra de origem, outras foram aportuguesadas.

Para o segundo caso, estava a recordar de uma, actualmente muito em voga nas cidades e na comunicação social brasileiras, o “impeachment”! Palavra que, por acaso, tem dupla tradução em português. Uma de raiz brasileira (cassação) e duas de raiz continental (destituição ou impugnação). Mas é mais intelectual dizer um estrangeirismo!

Os portugueses têm uma dupla expressão para estes pseudo-intelectuais: parolice!

E nós gostando muito de mostrarmos essa vertente pseudo-intectual brasileira – adoptada em muitas telenovelas que se veem no burgo – estamos a copiar desenfreadamente os estrangeirismos. É bué curtido!

Ora aqui (ou será aki? – com sms ou restrições métricas por causa do Twitter, por vezes já nem sei como se escreve português) está uma palavra nossa adoptada pelos brasileiros exportada para Portugal, v ia telenovelas brasileiras e considerada como brasileira, e recuperada por nós pela mesma via! Bué!!!

Temos um riquíssimo léxico nas nossas línguas nacionais para usarmos sem parcimónia em frases de vocabulário português. Se de facto o temos, e nas nossas mais variadas línguas nacionais, porquê usarmos anglicismos, galicismos ou, mesmo, castelhismos (ou espanholismos – falam castelhano e não, como erradamente se costuma dizer, espanhol)?

Está tudo Malaique” ou como dizem os nossos Kotas sobre estes pseudo-intelectuais: Ãhi! Anjalumba! (do umbundo: Irra! Vaidade!)

E porque estamos na época tenham todos Bué Festas Felizes e um Nice Merry Xtmas. Upps. Desculpem estava a escrever e ver um site (upsss… portal) brasileiro e fui numa wave bué flat (uppsss… desculpem, numa calma onda)!

Na realidade o que queria dizer e escrever era que desejo a todos os funcionários, colaboradores e leitores do Novo Jornal, um Feliz Natal e um Ano Novo 2016, se não melhor – o que se espera e deseja sempre –, pelo menos que não seja pior.

A todos, Bué Festas Felizes!"

(texto escrito em mesados de Dezembro)

Publicado no semanário Novo Jornal, edição 412, de 23 de Dezembro de 2015, página 19 (1º caderno)

23 dezembro 2015

Boas Festas 2015

Desejo a Todos @ Amig@s Um Feliz Natal cheio de harmonia, paz e amizade!(Merry Christmas! Joyeux Noël! Feliz Navidad! Frohe Weihnachten! Веселого Рождества!)

(este meu poema, pode ser lido integralmente aqui.)

20 novembro 2015

Conferência: 40 anos das independências

 


Em modo de Conferência no ISCTE com a apresentação deste tema no passado dia 18 de Novembro no painel: «Colonialismo, neocolonialismo e as novas alianças estratégicas» e com comentário à agência Lusa que podem ler aqui


Os 40 anos da Dipanda: persistimos a querer continuar a sonhar… (artigo)

"Há 40 anos, Angola, numa difícil noite de 11 de Novembro de 1975, ascendia à sua independência como Estado e como uma República, embora politica e militarmente dividida, mas unida na mesma génese: a Liberdade.
Comemoremos pois mais um dia da Dipanda e esperemos – diria mais, desejamos –, que os nossos políticos meditem sobre o dia Nacional e se lembrem que os Angolanos só pensam numa única condição, por sinal a maior delas todas, como pessoas, como cidadãos e como Mulheres e Homens que se querem livres: ANGOLA.

Por isso, 40 anos depois continuamos a querer, exigir, uma Angola realmente livre, justa, fraterna e enorme, como os seus filhos só o sabem ser!

E nestes 40 anos que balanço podemos fazer?

Na realidade deverá ser mais elegante escrever “tentar fazer um balanceamento” do que avançarmos para afirmação de um balanço do que já aconteceu nestes 40 anos em que Angola leva de independência.

Estes 40 anos mostraram-nos um País onde houve 27 anos de conflitos fratricidas (1975-2002), intercaladas por um curto período de 1991-1992 (período das primeiras eleições multipartidárias) e de 1995-1998 (quando foi empossado o GURN – Governo de Unidade e Reconstrução nacional); na realidade o País ainda regista a existência de um conflito interno, devido à questão do Enclave de Cabinda que opõe as FAA aos secessionistas da FLEC. E enquanto esta questão não se resolver – e terá de ser pela via política e nunca militar – Angola nunca estará, realmente em paz militar; duas eleições legislativas e presidenciais (1992 e 2012), a primeira com resultados impossíveis de acolher porque julgávamos que tudo tinha acabado e, na realidade, degenerou num novo período de instabilidade político-militar – as próximas deverão ocorrer em 2017 e até lá continuamos a aguardar a realização de eleições provinciais e autárquicas, sempre prometidas e nunca vistas a sua realização;

Com a assinatura de Paz de Luena, em 4 de Abril de 2002, assinada entre duas personalidades castrenses (os generais Cruz Neto, por parte das FAA, e Kamurteiro, pela parte da UNITA) Angola entrou num período de desenvolvimento económico, chegando a registar crescimentos de cerca de 20% ao ano. O petróleo e os elevados preços que o crude registava no mercado internacional muito concorreram para este crescimento.

Para este crescimento muito amplamente contribuiu o apoio financeiro da China. Angola diplomaticamente abraçou a celebrada linha pragmática chinesa: não nos perguntem e nem nos critiquem pelas nossas actividades político-sociais que também não vos perguntamos para que querem o dinheiro e onde vão aplica-lo: era, estava e continua a estar em causa o problema dos Direitos Humanos (DH). Os chineses facultaram dinheiro em troca de crude angolano. Ainda que essa disponibilidade financeira nunca tenha sido cabalmente esclarecida quanto aos contornos que levaram à sua celebração e que agora, estão, uma vez mais, a ser postos que caso devido à recente detenção na China, de uma dos maiores intermediários que cooperou para a consolidação desses financiamentos: o senhor Sam Pa, chinês, igualmente com, também, nacionalidades angolana e britânica e é reconhecido nos meios internacionais por, entre outros nomes, António Sampo Menezes.

Ora, a questão da não evocação dos DH, verdadeiramente melindrosa, não deixou de ter sido pertinente nem foi a despropósito. A China além de ter fornecido fundos financeiros contribuiu para a produção nacional com a presença de inúmeras empresas e trabalhadores chineses. Foi um contrato inteligente por parte do governo chinês. Na prática, obtiveram o que precisavam e, na realidade, poder-se-á dizer, grátis: o crude; ou seja, pela entrega do petróleo, enviavam dinheiro e este volvia à China através das suas múltiplas empresas, a maioria de capital público.

Os chineses, tal como os judeus, sempre foram conhecidos por saberem fazer negócios frutuosos.(...)" (continuar a ler aqui)

Publicado no Novo Jornal, edição de 406, de 13 de Novembro de 2015, páginas 18 e 19

08 novembro 2015

Portugal: haverá quem não ache que já chegaram 4 anos de austera crise?

No próximo dia de 10 de Novembro, se tudo seguir de acordo com as previsões, o Governo de Passos Coelho e da coligação PàF cairá na Assembleia da República portuguesa, devido a uma coligação de interesse político entre o PS, o BE, o PCP e o Verdes - estes coligados na CDU - (ou seja, nada de anormal em democracia).

Pelo menos o PCP, pela voz do seu secretário-geral e em véspera de entrega no parlamento do programa de governo da coligação PàF  e face ao ultimato de Costa de tudo estar resolvido antes do debate, veio a afirmar, hoje, que  aprova o programa debatido com o PS.

A dúvida, pertinente, é se o PCP, e de Sousa, também o fará com próximo e futuros orçamentos? E irá assinar um documento nesses termos e em conjunto com o BE de quem ainda ontem, sob o protesto de estarem a divulgar antecipadamente factos sob segredo, fazia críticas bem fortes? Na realidade Catarina Martins, a porta-voz do BE, mais parece uma sólida e bem informada ministeriável do que somente uma "sponsor", como a CDU, do Governo do PS. Dupla questão que se põe e com pertinência

Só que nesse dia, e após essa votação, alguém, algures, onde ninguém sabe bem onde é, estará a bater palmas feliz; não porque faria 102 anos se fosse vivo, mas por, ao fim de 40 anos, conseguir o que viu ser negado em 25 de Novembro de 1975: o Poder. Essa personalidade, chamava-se, em vida, Álvaro Barreirinha Cunhal.

Nesse dia, esteja onde ele estiver, deixará de dizer o que disse em 1976, face a Mário Soares, e passará a dizer bem alto: Olhe que sim! Sr. Doutor, olhe que sim!

Ora este acordo – e se for como preconizam, sem a presença dos outros parceiros no Governo - é também uma vitória do BE e do PCP. Porque se der para o torto, só haverá um único culpado: o PS! E isso vai se reflectir em próximos actos leitorais.

Veremos se nessa altura os dirigentes socialistas conseguirão que o PS português não se torne num novo PASOK ou num PSOE.

Se por acaso fosse assessor de algum dirigente de cúpula PS – e não sou, como alguns, se lerem isto (certamente muito poucos) dirão – nunca quereria derrubar o Governo de Passos e deixava-o cair de podre.

É que se com um Governo do PS e o novo apoio parlamentar, o PSD e CDS-PP nada farão, no imediato, para o derrubar. Vão esperar para ver o que dará as eleições presidenciais e como o possível no Governo manterá equilibradas as contas do País.

Ora caso a coligação PàF estivesse no poder, se o novo presente eleito for da mesma área política que o putativo novo Governo – como seria e será natural – ele daria imediata via a eleições antecipadas e, aí, o PS teria mais possibilidades de vencer, e, talvez, se não com maioria absoluta, com um larguíssima maioria.

São muitos “ses” e veremos como vai ser no futuro imediato. De certeza, nesta altura, e em várias frentes e em vários sectores haverá quem esteja já a verificar as suas armas políticas para os próximos tempos!

Só se espera que, com tanta despesa e menos receitas não acabe, depois, tudo voltar ao mesmo e com impacto maior. Porque, fazendo fé no documento ontem apresentado, viver só do consumo interno, não me parece que faça desenvolver o País.

É que 4 anos já foram demais e muitos parecem esquecer que os contribuintes que vivem e pagam impostos em Portugal sofreram e de que maneira os efeitos de um memorando/crise que não estavam preparados.

Agora na dúvida não irão de certeza desbaratar o que lhes querem “oferecer” de retorno.

Realmente 4 anos de inferno austero foi demais! Será que haverá quem ache que não chegaram?

Reproduzido no portal do semanário Folha 8 com o título "E agora Portugal?"

30 outubro 2015

À mulher de César não basta parecer séria… (Artigo no Correio do Sul - Angola)


«O Correio do Sul solicitou a opinião de um analista independente luso-angolano do Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa, Eugénio Costa Almeida. Na curta analise enviada à nossa redacção, o académico considera que “coincidências destas”, entre a oferta das viaturas e a recandidatura de Samakuva, levam o Povo a estranhar. Até porque, se não queremos ser vistos como tal, não devemos vestir as mesmas roupas sob pena de sermos apontados como iguais àqueles que criticamos.»

Podem ler o artigo competo aqui!

Publicado hoje no semanário (angolano, da província de Benguela) Correio do Sul, edição nº 2, de hoje!

15 outubro 2015

Quando as coincidências são demais… (é só um conto)

Tudo o que se passa num país que deu o nome a uma das mais sinistras prisões dos Estados Unidos e onde estarão alguns dos mais perversos prisioneiros – ou considerados como tais – fez-me recordar um livro de Irving Wallace – O Documento R – sobre as coincidências de factos que, de tanto repetidos, deixam de poder serem considerados como meras coincidências. O enredo passa nos EUA.

Uma das referidas coincidências está repetição de detenções de pessoas que, num imediato olhar, parecem nada terem a ver umas com as outras, até pelas distâncias e comportamentos sócio-económicos que as distinguem, mas que com o desenrolar do enredo se verifica que todas eles têm algo em comum: não gostam de verem alguns dos seus mais elementares direitos serem coartados por aqueles que, à partida, deveriam ser os garantes da preservação desses direitos.

Outra das coincidências surge com o facto dos detidos ou perseguidos serem leitores de livros que, certas autoridades – e à revelia e desconhecimento efectivo das principais autoridades, como se verifica nos últimos capítulos – consideram serem demasiado progressistas ou incentivadores de condutas que possam pôr em causa o status quo vigente.

Ora o que os mentores dessas perseguições e detenções concebem é criar uma imagem dos visados, para a opinião pública, que o que eles pretendem é desvirtuar a bondade do sistema tentando provocar, com isso, uma crise política, social e, principalmente, institucional.

De acordo com os tais mentores a solução passaria por alterar as normas em vigor, sejam políticas ou judiciais a fim de criar uma qualquer emergência nacional através de “(…) fazer algo pelo povo que ele não pode fazer por si mesmo. Dar segurança às suas vidas. (…) poremos em execução todas as nossas prorrogativas legais ao abrigo da emenda [seria uma 35ª emenda à constituição dos EUA que, após aprovada e sob a sua tutela, seria posta em execução num eventual e ehipotético caso de emergência nacional] (…) Não há uma nacional emergência efectiva. (…) {e para isso] 8…) terá de existir uma crise real… uma emergência… uma conspiração… antes de podermos actuar. (…) Mas podemos, Noah, porque teremos a nossa emergência, a nossa crise. Isso arranja-se (…)” (pág. 309). E uma das razões para emergência seria a possibilidade de “assassínio (…) do Presidente” e de eventuais conspirações “para subverter a nação”. Ora no texto surge que quando se receia um certo tipo de batalha “nos agarramos a qualquer expediente” (pág.310).

E parece que, recentemente, tem acontecido muito disto. Teoria da conspiração? Talvez.

Mas quando as coincidências são demasiadas e contínuas, quando algumas personalidades fazem uso repetitivo de certas frases para suportarem supostos factos em vigor, quando quem deveria aparecer mais vezes junto do povo raramente surge e, por vezes, delega funções em terceiros, as coincidências tornam-se ilusórias.

Recordando uma série televisiva norte-americana passada entre área castrense, uma das personagens costuma dizer – mais ou menos – que quando as coincidências são demasiadas coincidentes, deixam de ser coincidência e passam a ser, preocupantemente, reais ou verdadeiras!

Claro que isto é só uma imagem e uma ideia literária de uma certa situação que é meramente coincidente com o que se passa no livro de Wallace. Claro!

Claro que é só um conto literário, nada mais; talvez um incentivo a escrever um romance…

10 outubro 2015

A Crise humanitária no al-Bahr al-al-Abyad Mutawassiṭ, a quem imputar culpas? - artigo

"Desde há umas épocas que o al-Bahr al-al-Abyad Mutawassiṭ (nome árabe do Mar Mediterrâneo, cuja tradução literal é Mar Branco do meio ou Mar Interior) é o palco de imagens e meio de fugas marítimas de migrantes e refugiados para o continente europeu visando procurar melhores condições de vida ou salvação das suas vidas em zonas de risco económico e, ou, militar.

Quantas vezes não assistimos a imagens televisivas de magrebinos e africanos das zonas entre o Sahel e centro-africano tentarem fugir para as possessões espanholas em Marrocos, Ceuta e Melila, procurando passar por cima de muros e vedações que circulam aquelas cidades hispano-marroquinas e, através delas, chegarem ao, aquilo que para ele é, o El Dourado económico, social e, pelo menos, isento de conflitos armados.

Só que as situações pontuais que se verificavam foram substancialmente alteradas.

Primeiro na Líbia, aproveitando a onda da Primavera Árabe, devido a intervenção armada para derrubar o ditador – assuma-se o título que lhe pertencia claramente – Muammar Kadhafi (ou Khadafi, ou al-Gaddafi). Um ditador que “sustentou” alguns políticos e líderes europeus (Blair ou Sarkozy, só como exemplos). Interessante; e o resultado está à vista.

Depois de uma periclitante estabilidade política e militar pós-intervenção o país – considerado por muitos como um exemplo de estabilidade social (ainda que manufacturada e dominada pela cúria kadhafiana) – entrou numa espiral político-militar cujas consequências estão à vista de todos os que a provocaram.

Sabe-se, hoje, que a Europa pagava a Kadhafi para manter no seu país muitos dos migrantes que tentavam aceder ao Continente Europeu. Recordemos a quantidade de africanos que regressatam a alguns dos seus países bem armados e de onde emergiram grupos extremistas e jihadistas bem armados cujas actividades continuam bem evidentes: Boko Haram (Nigéria, Camarões e Chade), Al Qaeda no Magrebe Islâmico – apesar de ter sido criado em 1998, inicialmente sob o nome de Grupo Salafista para Pregação e Combate, recrudesceu com a queda do ditador líbio –, Ansar al-Sharia (Líbia e Tunísia), ou o Ansar Dine (Mali). (...)" (continuar a ler aqui)

Publicado no semanário Novo Jornal, edição 401, de 9-Out.-2015, página 20 (1º Caderno)

23 setembro 2015

Os casos da Banca e a demagogia eleitoral

Vão-me desculpar mas juro que não entendo a política portuguesa e a sua enorme demagogia barata, principalmente em época eleitoral. Eu sei que tudo vale para a obtenção do voto, mas, creio – talvez seja efeito do nome e embarace-me a ingenuidade – que toda a demagogia tem limites dentro de parâmetros que deveriam ser quantificados para não fazerem dos eleitores parvos, ineptos ou imbecis.

Hoje, segundo pude ler, o INE português rectificou o valor défice português de cerca de 4,5% para cerca de 7,2% devido ao empréstimo que o estado português fez ao Fundo de Resolução da Banca para capitalização do novel Novo Banco.

Honestamente, ainda hoje estou para perceber se de acordo com os códigos das empresas comerciais e das sociedades anónimas, o Baco de Portugal (BdP) – na realidade e com a unificação do sistema bancário euro-comunitário o BdP não é mais que uma secção do Banco Central Europeu - poderia ter feito a transformação dos activos e passivos "bons” do antigo BES para o que foi criado com o nome de Novo Banco.

E não devo ser só eu, devido aos inúmeros comentários que tenho lido e dos já existentes e eventuais processos contra o Novo Banco e o BdP.

Mas voltando à rectificação do défice e ao empréstimo do Estado à Banca, vê-se, ouve-se, televê-se os partidos da oposição e os candidatos a um lugar no próximo Parlamento português, nomeadamente, o Partido Socialista (PS) a criticar a(s) política(s) do Governo, suportado pela Coligação (PSD-CDS/PP) que concorre às eleições como PàF-  recordo-me sempre e com um sorriso dos livros de Asterix…) – por causa desse apoio.

Será que o PS preferia que o Governo português tivesse feito o mesmo que o Governo do PS hoje, os contribuintes líquidos do sistema fiscal português – e são todos, portugueses ou estrangeiros que paguem os seus impostos em Portugal – continuam a pagar e não é pouco? Segundo me recordo de ouvir, e não há muito tempo, bem pelo contrário – e por acaso de uma personalidade anti-governamental  que o aventou – já iterá sido “metido” no sinistro BPN, por acaso “continha” e era “couto” de individualidades mais próximas de um dos partidos da coligação que do PS, qualquer coisa como cerca de… 9.000 milhões de Euros e ainda ninguém conseguiu perceber até onde irá a contínua injecção de fundos no “efeito BPN”

Que por acaso, até já foi vendido, a marca e os balcões, mais os respectivos activos pelo enorme valor de… menos de 100 milhões de Euros!

Sinceramente, a demagogia tem limites. Por acaso preferiam uma nova e absurda nacionalização? Ou será – desculpem a pergunta, claro – que alguém anda a ver se consegue que algum “amigo” não seja afectado com a “questão BES”? Tal como, pareceu , à posteriori, que a nacionalização do BPN seria para fazer… algum certo favor político…

Tal como no caso BES, também no BPN, só parece haver um arguido e em prisão… “leve”.

Realmente parece não haver dúvida, que no que toca à Banca e à Demagogia, há mesmo donos disto tudo!

29 agosto 2015

Descanso!


Uns dias de descanso!

Os 40 anos da Dipanda: balanço e perspectivas para Angola*


Artigo hoje publicado no Folha 8 e intitulado «DEIXEM-NOS (CONTINUAR A) SER OPTIMISTAS»*

Podem aceder através de: http://jornalf8.net/2015/deixem-nos-continuar-a-ser-optimistas/

*O título com o texto foi publicado é da responsabilidade do Editor. Todavia, temos que reconhecer que é muito mais feliz e interessante que aquele que o autor, eu, desenhou. Mas porque o seu a seu dono, devo manter o meu neste espaço e dar relevo ao do Editor!

28 agosto 2015

Quem deseja fazer da Guiné-Bissau um Estado-falhado? (artigo - nº 50)

"Nota: quando este texto foi escrito, ainda não era do conhecimento público o que se teria passado na Assembleia Nacional da Guiné-Bissau, pelas razões abaixo evocadas. O que se sabe é que, apesar de manifestações e apelos contrários o indigitado Primeiro-ministro já terá nomeado alguns membros do seu gabinete!

Há umas semanas que o país de Amílcar Cabral está em crise político-governativa – diga-se, nada que não seja habitual, só que, desta, vez interpares – devido a duas supostas desconvergência: de um lado o Presidente da República (PR) José Mário Vaz, vulgo Jomav (do PAIGC), não se entendia com a governação do seu Primeiro-ministro (PM), Domingos Simões Pereira (do PAIGC); outra razão, esta evocada pelo PR, o de haver um mútuo conflito de personalidades ou incompatibilidades de personalidades.

Bom, que se entenda haver divergências quanto à governação, é perfeitamente natural em regimes semi-presidencialistas, principalmente se forem de convicções políticas diferentes – o que, diga-se, não era o caso, já que ambos vêm do mesmo parido, o PAIGC – ou devido a personalidades diferenciadas.

Mas eventuais conflitos pessoais ou incompatibilidades de personalidades por razões de desencontros de caracter serem fundamentos para destituir um Governo que, tudo parecia indicar e a comunidade internacional o atestava, andava a conseguir apresentar uma governação sustentável e credível, parece não dar como certas, de jeito algum, as justificações presidenciais.

Como fica a imagem do PR e, por extensão da Guiné-Bissau? (...)" (continuar a ler aqui e, agora, também aqui)

Publicado no semanário Novo Jornal, edição 395, de 28.Agosto.2015, 1º caderno, página 18

21 agosto 2015

Centenário da Batalha de Môngua

(in Novo Jornal (caderno Mutamba), edição 394, de 21.Ago.2015)

Ontem 20 de Agosto, ocorreu o Centenário da Batalha de Môngua, que opôs o exército português as forças do rei Mandume-ya-Ndemufayo, do reino Kwanhama, cuja capital era Ondjiva, entretanto ocupada pelos portugueses;

A ocupação portuguesa, falta de humanidade com que os incorporpoeados angolanos eram tratados (alguns crianças com idades entre os 10 e os 18 anos), a progrewssiva ocupação dos reinos Humbe e Ambó, levou que Mandume-ya-Ndemufayo juntasse estes três povos e atacasse os regimentos portugueses; e tudo por causa da posse de 12 cacimbas(1).

Sobre este facto histórico, e para melhor ajudar a compreendê-lo,  pode aceder aqui, aqui ou aqui.

(1) Cacimba: Buraco que se cava até encontrar água; poço de água potável.

14 agosto 2015

O "book" já chegou à minha mão


Chegaram hoje à minha mão os meus exeemplares

Aqui o Je agradece quem o comprar; sempre poderá chegar algum kumbu dos "direitos"; ainda que muit poucom, mas...

O acesso ao mesmo, e por enquanto só em versão livro, está disponível no post anterior (ou ver aqui).

Em breve, também, em e-book!

05 agosto 2015

Desde ontem que já está nas bookstores o meu novo "bébé"...


Foi ontem publicado e os pedidos de compra podem ser já acedidos pela e-bookstore "More Books"

Também já estão disponíveis, na Amazon.com e na Barnes and Nobles, pelo menos.

Note-se que - creio de ainda só através da editora Lambert Academic Publishing, espero confirmação - também estará disponível a versão e-book!

Comprem que penso será do V/ interesse; do meu é certamente por causa dos royalties e da necessidade de atingir uma determinada quota de vendas anuais...

Mais informações sobre o livro poderão aceder em: http://www.elcalmeida.net/content/view/981/34/.

26 julho 2015

A paciência da política chinesa ou a Teoria do Mahjong

"Quando Mao Tse Tung faleceu, em 1976, não houve qualquer alteração substancial na política interna e externa chinesa, com o seu sucessor, Deng Xiaoping, excepto, talvez, uma abertura económica permitindo investimentos estrangeiros incentivando a competição, o lucro e até mesmo o consumismo, embora, sem que se registasse qualquer abertura política baseada nos princípios democráticos. Um exemplo evidente dessa falta de abertura política foi o massacre dos estudantes na Praça de Tiananmen, em 1989.
Por sua vez, quando os antigos dois territórios chineses, sob administração europeia, Hong Kong (britânica) e Macau (portuguesa), retomaram à posse da China, levaram com estas duas regiões administrativas especiais, um sistema capitalista pouco consistente com o sistema socialista vigente na China. Face a isso, e visando, também, a possibilidade – nunca descartada – de Taiwan voltar a ser reintegrada, oficialmente, na China – que também mantém um sistema político e económico baseado nos princípios liberal e capitalista –, o líder chinês Deng Xiaoping, a 1 de Setembro de 1982, no discurso de abertura do 12.º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, apresentou, em exclusivo e pela primeira vez, o termo “Socialismo com características chinesas” que viria a ser conhecido pelo princípio de «um país, dois sistemas».
Em que consiste o princípio «um país, dois sistema»? Na sua essência, pode-se caracterizar este princípio como sendo uma coligação entre o capitalismo e o socialismo. Um sistema único que não apresenta paralelo no mundo. (...)" (podem ler o artigo completo aqui)
Publicado no semanário Novo Jornal, edição 390, de 24-Julho-2015, página 17 (1º Caderno)

04 julho 2015

Maurícias: uma senhora na presidência


(fonte: foto África21)

A República das Maurícias (ou Maurício) tem desde 5 de Junho passado uma senhora na Presidência do País. Ameenah Gurib-Fakim (de nome completo Bibi Ameenah Firdaus Gurib-Fakim) era, até esta data, uma cientista bióloga e professora universitária, tendo sido proposta pelo primeiro-ministro, Anerood Jugnauth, e ratificada pelo Parlamento nacional maurício (a eleição é indirecta).

O anterior Presidente, Kailash Purryag, resignou ao cargo em 29 de Maio, passado.

Gurib-Fakin tornou-se na primeira mulher a ocupar o cargo na república maurícia e a 6ª Chefe de Estado desde que as ilhas se tornaram uma república, em 1992.

03 julho 2015

A China e a reformulação de um paradigma geopolítico - artigo

"Ultimamente a maioria das conversas políticas – e sociais – giram em torno da visita de sua excelência o senhor Presidente da República, José Eduardo dos Santos, à República Popular da China, onde, segundo consta, terá rubricado um ou vários acordos cujo cariz é desconhecido; e essa, infelizmente pela não divulgação dos mesmos, tem sido uma das razões, oportunas e salutares, para tanta conversa, quase diáfana, mostrando que a comunidade política e a sociedade civil estão cada vez mais atentas ao que se passa no País.

E não deixam de ser oportunas, repito, essas naturais interrogações quando o que as motiva continua no segredo dos corredores governamentais e a própria Assembleia Nacional parece estar ausente da leitura dos conteúdos que, eventualmente, tenham norteado os tais – caso tenha ocorrido, claro, – acordos sino-angolanos. E para reforçar as dúvidas, o desencontro entre uma notícia da ANGOP, quando da presença do senhor Presidente na China, e as posteriores declarações da Cidade Alta, quase que totalmente desencontradas.

Ora se há algo que nunca foi cabal e correctamente explicado à sociedade civil foram os acordos celebrados entre Angola e a China; as únicas razões evocadas foram que os chineses tinham aberto uma linha de crédito a Angola para a reconstrução das infraestruturas do País – bem necessários após uma longa e sangrenta crise militar fratricida –, acordos esses celebrados sob a garantia do fornecimento do petróleo nacional. O que se sabe é que o Ocidente, nomeadamente o FMI, terá virado as costas a Angola através de exigências que, à época, eram difíceis de serem cumpridos.

Por outro lado, a China sempre se pautou por um paradigma político que consiste em não querer saber do que se passa na vida politica interna dos outros Estados, desde que estes não ponham em causa as políticas governativas, económicas e sociais de Beijing.

Mas este não é um paradigma inócuo levado a efeito pelos chineses. Por detrás deste paradigma, ou, talvez, para ser mais exacto, a par deste habitual paradigma político, há um outro muito mais importante e que se reveste de uma importância capital para a expansão chinesa e que denomino da Teoria do Mahjong. (...)" (continuar a ler aqui ou aqui)

Publicado no semanário Novo Jornal, edição 387,  de 3.Jul.2015, 1º caderno, página 198

Análise à Rádio DW sobre comunicação de Eduardo dos Santos ontem

(imagem da Rádio DW)

Análise, ao jornalista António Rocha, para a Rádio Deutsche Welle, desenvolvida no portal da DW (Português para África), sobre a intervenção do senhor Presidente José Eduardo dos Santos, ontem , 2 de Julho, quinta-feira, na reunião extraordinária do Comité Central do MPLA, onde apontou a necessidade de estudar a construção da transição em Angola e não falou em terceiro mandato.

27 junho 2015

Uma nova versão do Heartland segundo a geopolítica chinesa ...

(O Heartland, segundo Mackinder)

De acordo com a versão online do semanário português Expresso, a China terá defendido hoje, e cito, “a continuação da Grécia na zona euro, mostrando-se disponível para "contribuir" para uma solução para a crise. Declarações são feitas dois dias antes da cimeira com a União Europeia, que decorre segunda-feira, em Bruxelas” (fim de citação).

Esta atitude chinesa de se pôr adiante, perante os Gregos e a Europa, não é mais do que um reafirmar daquilo a que já designei da Teoria de Mahjong – onde a política externa chinesa através da “queda” peça a peça territorial, e com a sua reconhecida paciência, vão forçando todos os territórios limítrofes a se submeterem ao controlo político, geográfico e militar chinês!

Na realidade passa pela China recuperar aquilo que considera seu (os tais territórios limítrofes – o Tibete é um dos casos, bem como as penínsulas do sudoeste asiático – mais os territórios conquistados por Gengis Khan e apertar o cerco aos "falidos" (recorde-se EUA, Europa, África) até a tenaz ser impossível de ser aberta!

Em boa verdade, e na perspectiva chinesa, não há aqui mais que uma nova versão do Heartland do geógrafo e estratega britânico Halford John Mackinder, que segundo a sua interpretação, o Estado que controlasse todo o Heartland poderia tentar obter saídas para mares abertos e tornar-se uma potência anfíbia que poderia dominar o que ele denominava World Island (Ilha Mundo), zona compreendida pela Eurásia e África do Norte, ligados pelos Montes Urais e pelo istmo de Suez. Daí que Mackinder defendesse o reforço dos Estados talassocratas (potências marítimas, no caso o Reino Unido, mas que foi mais levada a sérios pelos EUA).

Ora, perante estes novos dados geopolíticos, pode-se e deve-se complementar aquela estratégia geopolítica com a teoria geopolítica de Nicholas John Spykman, o Rimland, onde previa e que o controlo marítimo (leia-se, todos os Estados marítimos entre a Ásia e a América do Norte, contornando toda a África) por parte de uma nova potência epirocrata (potências continentais) levaria ao evidente controlo de todas as rotas marítimas asfixiando o comércio e político internacionais. Ora Spykman dizia que quem “controlasse o Rimland governaria a Eurásia, e quem governasse a Eurásia controlaria os destinos do mundo”!

Com calma e a sua proverbial paciência os chineses vão conseguindo alguns dos seus intentos. É certo que tem um adversário de peso, ainda que com um calcanhar de Aquiles muito debilitado, chamada Rússia. Não é em vão que Putin tenta mostrar uma Federação Russa forte, determinada, política e militarmente, embora com evidentes carências financeiras e económicas – como mostram as sanções euro-norte-americanas – mas que procura esbatê-las através de sinaléticas financeiras, como as que já fez constar através de uma ajuda à Grécia, o que colocaria em causa as geopolíticas ocidentais, em particular, a OTAN/NATO!

17 junho 2015

O caso Kalupeteka e as suas consequências internacionais – Comentário

(HUAMBO: Fiéis da seita liderada por Kalupeteka durante o encontro com o governador Kundi Paihama; foto ©ANGOPem 1/Out./2014).


Por norma não gosto de analisar e comentar certas informações de sensível melindre a seco e em cima do acontecimento de modo a que possa evitar análises a quente, que,, por vezes, se tornam contraproducentes e inconvenientes, o que limita a credibilidade de quem as faz.

Essa foi uma das razões por, até agora, me ter abstido de analisar e comentar o problema político-militar ocorrido em São Pedro de Sumé (ou monte Sumi), província do Huambo, em Abril passado, que terá colocado frente-a-frente um representante governador da província do Huambo, o senhor Kundi Paihama, polícias e militares, face aos seguidores da não convencional “Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia, A Luz do Mundo”, liderada por José Julino Kalupeteca (ou Kalupeteka) e criada em 2007

Sobre esta seita, segundo alguns dos eus seguidores ela estaria legal e ser atendida pelo próprio governador da província – terá havido, em Outubro de 2014, a assinatura de um convénio entre Kalupeteka e Paihama –, enquanto outros dizem-na ilegal como dezenas de outras seitas e ditas igrejas evangélicas que pululem pelo país.

Sobre as hipotéticas relações entre a seita liderada por Kalupeteka e algumas autoridades locais, a direcção da UNITA acusa que a seita estaria a funcionar «… à margem da lei há alguns anos, com o beneplácito das autoridades locais com quem desenvolveu, desde 2011, laços privilegiados ao abrigo dos quais o cidadão Kalupeteka beneficiou de bens materiais e espaços de intervenção nos órgãos de comunicação social públicos»; fim de citação.

De assinalar que esta seita está (ou estava) disseminada por Luanda, Bié, Benguela, Huambo e Kwanza Sul.

Segundo constam os registos oficiais que se seguiram aos acontecimentos vários polícias, mais concretamente, nove membros da Polícia Nacional, teriam sido mortos por elementos, dito armados, da seita, tanto no Huambo como em Benguela, com o repúdio imediato do senhor Presidente da República, que exigiu a rápida captura destes «indivíduos perigosos» e a sua entrega imediata à Justiça porque a seita estabeleceria «uma ameaça à paz e à unidade nacional e que a sua doutrina constitui uma perturbação à ordem social».

Estranhamente, e a nível oficial, só terão ocorrido mortos entre os membros da autoridade. Fontes externas, dizem que a retaliação que se terá seguido, e confirmado pelas autoridades que dizem terem abatido 13 seguidores da seita, apontam para dezenas, se não mesmo, centenas, de mortos entre os fiéis da seita.

E aqui entra a questão que levou ao título desta análise/comentário.

Face à disparidade de números de vítimas e como terão ocorrido e às acusações de fontes independentes políticas, eclesiásticas – a Igreja Católica já se terá oferecido para ajudar ao cabal esclarecimento do caso – e sociais, que terão exigido tanto um inquérito parlamentar, como independentes, a comunidade internacional começou a interessar-se pelo caso e a solicitar investigações independentes externas sobre o caso.

De entre as que mais tem solicitado essa intervenção externa independente está e continua a estar o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) em Genebra, Suíça, que tem reafirmado ser do interesse de Angola que haja «transparência na investigação sobre o alegado massacre no Huambo, facto não só negado pelas autoridades nacionais como exigido por estas uma desculpa pública e retracção da ACNUDH, dado que esta basear-se-á em informações prestadas «… por falsas declarações prestadas por elementos tendenciosos e absolutamente irresponsáveis, com a intenção de difamar o país».

Ora a ACNUDH tem-se recusado em se retractar e apresentar desculpas porque, segundo esta organização, o que interessa é que a situação fosse esclarecida, para do interesse de todos, dado que há «muitos relatórios diferentes sobre o que aconteceu e não podem ser todos verdadeiros. Só precisamos de mais clareza sobre o que aconteceu».

Porque quem não deve não teme, neste caso acompanho todos aqueles que desejam uma investigação supranacional com supervisão internacional para que a nossa imagem não fique beliscada por dúvidas apoucadas devido a sectores que se considerarão mais credíveis que toda uma sociedade angolana que quer um esclarecimento total e oficial dos acontecimentos.

Todos se recordam como foram manipulados – e até hoje continuam em segredo dos deuses – os factos do 27 de Maio de 1977, e ninguém quer que isso continue a ocorrer.

Se houve culpados, se houve massacre injustificado – seja de que parte tiver ocorrido – os executantes devem ser presentes à Justiça e esta terá de ser implacável com os prevaricadores.

Só a verdade interessa! Só a verdade mantém a credibilidade política e institucional de Angola no seio da comunidade internacional, tão assinalada, ainda recentemente, pela Sub-secretátia de Estado norte-americana para os Assuntos Africanos, Linda Thomas-Greenfield, que considerou Angola como um importante parceiro estratégico em África.

Nota: Texto escrito em 15 de Junho de 2015 e só hoje publicado!

Texto hoje (18.Jun.2015) transcrito no Africa Monitor; igualmente transcrito no semanário Folha 8,  edição, de 20/Jun./2105, páginas 21 e 22.