25 outubro 2012

Se isto é internacionalismo…


(Agricultura angolana de subsistência; imagem daqui)

Segundo a rádio VOA (Voz da América) a província do Kuando Kubango está sob a mira de indivíduos, segundo parece, chineses, que estarão a ocupar indevida e inopinadamente terras agrícolas e de pasto para cultivo de arroz, nomeadamente, na região do Rio Longa.

Se já era incompreensível a usurpação de terrenos, sem que os sobas e as autoridades tradicionais locais nada consigam fazer para impedir, mais impressionante é a acusação de que os mesmos indivíduos estão a recrutar crianças, entre os 14 e 17 anos, para fazerem o “seu" serviço agrícola, contra o pagamento – mais que simbólico, já que o habitual é, também, ele, baixo – de 90 dólares.

E tudo isto a escassos 90 kms da capital provincial, Menongue.

É sabido que a província de KK é considerada como “terras do fim do Mundo” mas, será que serão tão fim de mundo que o Governo provincial e as forças policiais nada saibam, nada ouçam, nada vejam, e permitam que esta absurda e incompreensível situação seja já do domínio público internacional?

Quero crer que não. Que tudo esteja a ser feito ao arrepio das nossas autoridades e que Luanda, em último caso, faça uma intervenção pronta e objectiva sobre todos estes desmandos denunciados.

Já há tempos se soube que brasileiros andavam a ocupar excelentes terrenos agrícolas no Kwanza Sul para produção de soja que seria reenviada, a posteriori e, provavelmente, como produto brasileiro, para a China.

Agora esta estranha, absurda, anómala e incompreensível situação, a que se junta, uma vez mais, a acusação que a China estará a “exportar” condenados seus para Angola. Recordo que já há cerca de 5 anos, quando detinha responsabilidades associativas, ouvi esta acusação que nunca me provaram. Mas…

Todavia, deixem-me ser ingénuo, e não querer acreditar que o “internacionalismo” chinês vá a tal ponto e que os “subsídios” financeiros da China já não sejam só pagos pelo petróleo.

Entretanto, a agricultura de subsistência dos angolanos está desaparecendo naquela região.

E a quem é que isto interessa ?...

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