29 setembro 2011

Eleições nos Camarões com militares à perna

Em breve, mais concretamente a 9 de Outubro, vão acontecer eleições presidenciais nos Camarões.

De acordo com a validação do Tribunal Supremo, há 23 candidatos ao cargo. Entre eles, Paul Biya, do União Democrática do Povo Camaronês (RDPC), o actual presidente e líder do partido no Poder, Fru Ndi John, o veterano candidato da oposição da Frente Social Democrática (SDF) e das, inicialmente recusadas pela Comissão Eleitoral (EleCam), candidaturas de Anicet Ekane, do Movimento Africano para Nova Independência e a Democracia (Manidem), e de Daniel Soh Fone, do Partido Socialista Unificado (PSU).

Só que Biya, de 78 anos – um geroncrata –, está no poder há 29 anos, ou seja, desde 1982, e a actual lei eleitoral foi desenhada de modo a que aquele possa se perpetuar eternamente no Poder – parece-me que este desenho não me é totalmente estranho…

Houve uma tentativa de um grupo de cidadãos de tentar que a candidatura de Biya fosse inviabilizada por "inelegível" no que foi rejeitado pelo Tribunal Supremo.

Se a oposição e a sociedade civil não tiveram, nem têm, poder para impedir a quase certa reeleição de Biya, já os militares, que sempre o apoiaram estão, agora, em contra-ciclo com o acto eleitoral e com a sua campanha.

De facto, ontem, um reduzido grupo de militares, durante um certo período, bloqueou a ponte Wouri, a ponte principal de Douala, a capital económica do país, e disparou para o ar em protesto pela recandidatura de Biya.

Antes de serem detidos os soldados que pararam o tráfego na ponte e desfraldaram uma faixa com os dizeres: "Paul Biya ditador, Paul Biya deve sair a qualquer custo”.

Uma lição para aqueles que vêem nas forças armadas sempre uma retaguarda segura.

Na realidade nem sempre isso é verdadeiro. Quanto menos se espera…

A juntar a esta contestação a da oposição, nomeadamente da SDF que denunciou actos claramente irregulares nos cadernos eleitorais como inscrições duplas nos registos. Ao mesmo tempo, os nomes dos compatriotas não figura nos registos nem que eles sejam devidamente inscritos e que receberam os respectivos comprovativos”.

Creio já ter ouvido situações semelhantes em anteriores eleições em outros Estados africanos…

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