08 julho 2011

Sudão do Sul, o 53º Estado africano

Às 0 horas locais, 22 horas de Angola, de 9 de Julho, nasce a 193ª nação mundial e 53ª a nível africano – embora a União Africana também reconheça a Rep, Saauri Democrática, pelo que alguns falam em 54ª –, denominada República Sul-Sudão ou Sudão do Sul ou Sudão Meridional (Janūb as-Sūdān, em árabe), com capital, e principal cidade, em Juba.

O novo País resulta do Tratado de Naivasha (Comprehensive Peace Agreement), de 9 de Janeiro de 2005, e do referendo de 9 e 15 de Janeiro do corrente ano, quando cerca de 98,8% dos eleitores recenseados votaram a favor da secessão da parte norte do Sudão, ocorridos após a 21 anos de guerra civil entre o norte, islamita, e o sul, cristão e animista.

Um conflito, que causou mais de 2 milhões de mortos e começado em 1983 quando o Governo de Cartum impôs a sharia (a lei islâmica) em todo o país.De notar que o Sudão, já reconheceu, ainda antes da independência oficial, o novo Estado, sublinhando, e isso é importante devido à questão do rico enclave de Abyei, pelas fronteiras de 1 de Janeiro de 1956”.

Mas não é só na região de Abyei – onde se encontram a maioria dos 75% das reservas de petróleo de todo o Sudão – que se registam as maiores preocupações internacionais com a estabilidade do novo Estado. Também na de Kordofán do Sul, situada a norte daquela e onde se encontram as restantes reservas sudanesas, ocorrem distúrbios que os dois Estados terão de resolver com vista a evitar possíveis conflitos fronteiriços que colocarão em causa a estabilidade – pouca, reconheça-se – tanto da região como do próprio continente e com naturais reflexos, em outros países onde questões de secessão se colocam com singular acuidade e, por vezes, bem sanguífero.

E não precisamos de ir muito longe…

Mas são grandes os desafios com que irá defrontar o novo País. Desde logo a enorme pobreza – apesar do seu potencial energético e de que a China é o principal cliente – mas também a demarcação final das fronteiras, o desenvolvimento de uma constituição, a gestão dos recursos naturais, a partilha da dívida e as receitas do petróleo, bem assim o estabelecimento de serviços básicos fundamentais, como são a saúde, a educação, ou desnutrição por que passa a maioria das populações daquela região incluen-se a Etiópia, a Somália e o norte do Quénia).

A comunidade internacional que tanto lutou para que o Sudão se dividisse tem aqui uma palavra importante a dizer.

Alguns dados do novo País:

Capital: Juba;
Área: 619 745 km²;
População: cerca de 8,3 milhões;
Línguas oficiais: árabe, inglês e alguns idiomas locais, como por exemplo dinka, nuer, zande, bari ou o shilluk;
Presidente: Salva Kiir Mayardit;
PIB: cerca de 5% (2010 estimado)

NOTA: Quando escrevi este apontamento tinha a sensação que seriam 53 os países africanos já existentes. Porque, como qualquer ser humano também tenho lapsos, ou esquecimentos, quis confirmar essa ideia e acedi ao portal da União Africana e contava-se lá 54 Estados, incluindo a República Saauri Democrática. Pois esqueci-me de um facto importante: o Reino de Marrocos não está na União Africana, tendo saído da antiga OUA precisamente porque esta aceitou a integração dos secessionistas saauris na organização.

Assim, rectifico e a República do Sul-Sudão é, efectivamente, o 54º Estado africano oficial!

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