06 novembro 2009

Moçambique pós-eleições, e agora?

Como se sabe Moçambique foi a eleições para as Legislativas, Presidenciais e Provinciais.

Sabe-se que a estas eleições houve constrangimentos que ninguém dos observadores teve coragem de, com clareza, denunciá-los. Bem pelo contrário, aceitou-os, com naturalidade. Recorda-se os impedimentos pouco esclarecidos que levaram os partidos não oficiais – leia-se, de todos os partidos menos FRELIMO e RENAMO – a verem vetados em alguns círculos eleitorais.

Apesar disso, e a fazer fé em todos os relatórios dos diferentes observadores, apesar de certas anomalias o acto eleitoral terá decorrido sem problemas, sendo que o chefe dos observadores da União Africana,
deu nota positiva ao acto.

Por isso, já se sabe, mesmo ainda sem resultados oficiais apresentados pela CNE local, que a FRELIMO e Guebuza foram – ou terão sido – os grandes vencedores.

Como, habitualmente, o também já seria espectável, já se sabe que a RENAMO contestou – ou contesta – os resultados intercalares ameaçando denunciá-los e não aceitá-los por os mesmos estarem feridos de ilegalidades e de fraudes.

Como é habitual neste partido, mesmo ameaçando, como parece que terá acontecido, pôr o País a
ferro e fogo, ao ponto dos observadores estrangeiros, nomeadamente da União Europeia e da SADC dizerem que é aconselhável mais moderação na linguagem, principalmente quando proferida por um líder, ainda por cima da oposição

Ou seja, diplomaticamente, os observadores estão a aceitar que nem tudo decorreu tão bem como propalaram logo.

Entretanto, o Observatório Eleitoral moçambicano decidiu
reunir-se à porta fechada com Afonso Dhlakama. Assim como assim e pelo sim, pelo não, a Polícia moçambicana já irá a caminho das antigas bases da RENAMO em Nampula…

Se fosse só a RENAMO já diríamos, como habitualmente… E para alicerçar as suas habituais queixas e desconfianças apresentou
boletins de voto – em tudo iguais aos oficiais, numerados e verificados – já previamente assinalados que o STAE diz desconhecer.

Mas quando lemos no portal noticioso moçambicano, Canal de Moçambique, uma acusação tão forte como “Fraude filmada em Escola Primária na Beira” denunciada por alguém próximo do MDM e cuja transmissão do vídeo parece ter sido vetada pela TV Miramar embora tenha passado na TIM, uma televisão independente. Nas denúncias subsequentes o MDM acusa o presidente da mesa de ter recusado aceitar o protesto do seu delegado.

Mas houve também, segundo aquele portal denúncia forte fraude no distrito de Búzi onde cerca de 11000 (onze mil!!!) votos terão sido anulados e que os recursos apresentados pelas partes denunciadoras não foram aceites pelos membros das respectivas mesas.

Vamos aguardar que a CNE divulgue, definitivamente, os resultados e que as denúncias apontadas, mesmo que não passem só de uma “dor de corno” sejam totalmente analisadas e bem escrutinadas pela CNE e pelo PGR moçambicano. A bem da transparência e para não ferir o
Prémio Mo Ibrahim de Boa Governação, conquistado por Joaquim Chissano, em 2007… (de notar que em 2009 não houve vencedores…)
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Reproduzido, posteriormente, no portal Zwela Angola, na coluna "Malambas de Kamutangre", em 6/Nov./2009

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