09 março 2009

Eduardo dos Santos em Portugal

Podemos estar, como estamos, nos antípodas da política, da concepção de sistema político, ou do que é democracia, mas enquanto não houver eleições – e não esquecer que até o Mais Velho o reconheceu como tal – o engenheiro José Eduardo dos Santos é o Presidente da República de Angola.

Não o vou saudar, porque também para isso não fui convidado, nem o esperava – mas saúdo a vinda do Presidente de Angola enquanto mais alto representante do meu País –, como também não contem comigo para me colocar em bicos de pés para ver Sua Excelência circundar entre o luxuoso Hotel Ritz e o Palácio de Belém; até porque há uma coisa chamada Metro que me livra de estar parado minutos e minutos no trânsito que a comitiva passe só porque o SIS considerou a visita de alto risco, a um nível de Putin – a secreta portuguesa deveria compreender que se alguém quisesse fazer mal a Eduardo dos Santos nunca seria aqui onde se sabe estaria sempre bem protegido e porque em Luanda, já não é a primeira vez, ele às vezes circula sem grandes comitivas…

Espero que a visite seja proveitosa para as relações entre os dois Estados, enquanto Estados amigos e companheiros nas relações institucionais e comerciais.

Particularmente, gostaria de ouvir o senhor Presidente afirmar que vai haver eleições presidenciais este ano, como era expectável que, de facto, os angolanos no exterior vão poder se recensear para futuras eleições; que vamos poder obter outros documentos de identificação no exterior para além do passaporte, ou que a questão de Cabinda vai ser mesmo tratada e analisada a contento de todos os intervenientes para que acabem as mortes inúteis entre irmãos; etc.

Quanto ao resto, e como diria a canção “é política menino” pelo que, como tal, deve ser tratada em Angola.

Por isso só, posso dizer ao mais alto representante de Angola, e enquanto nesse enquadramento institucional, seja bem-vindo senhor Presidente, nestes dois dias (10 e 11 de Março) que vai estar em Portugal.

2 comentários:

Orlando Castro disse...

Hum! Um discurso tão politicamente correcto nas linhas, não tanto nas entrelinhas, cheira-me a esturro. Pronto, a meio esturro...

Kandandu

Soberano Kanyanga disse...

Realmente, política far-se-á aqui (Angola). Deve interessar-nos mais a abertura e as liberdades para que se possa, de facto, fazer política e não analisar o país com base na realidade de há dez anos, como o fazem muitos "pseudo-angolanos".