15 abril 2008

Líder dos Massukos um dos vencedores da Goldman Environmental Prize

(Feliciano dos Santos evidenciado a vermelho)

O cantor moçambicano Feliciano dos Santos ganhou o prémio Goldman Prize [Goldman Environmental Prize], considerado por muitos como o prémio Nobel do ambiente. Feliciano que lidera a banda moçambicana Massukos, é distinguido pelo seu trabalho na divulgação dos problemas da saúde, água e Sida [ver texto explicativo da Goldman aqui].
As Nações Unidas estimam que as doenças diarreicas matam por ano 1,8 milhões de pessoas. Feliciano recebeu o prémio numa cerimónia na cidade norte-americana de São Francisco. Em declarações, Feliciano começa por descrever o que sentiu quando soube que tinha sido distinguido. “Foi uma surpresa, pensei que fosse brincadeira, nunca pensei que estando na província do Niassa no Norte de Moçambique tão longe do mundo, não acreditei que fosse possível”. Feliciano acredita que a música tem poder para fazer passar mensagens para o público. “Em África quando se toca um batuque, as pessoas aglomeram-se e aquele é o momento próprio para começar a transmitir aos outros aquilo que lhe vai no coração”.
Música sobre latrinas serviu para alertar para problemas de higiene “Eu sinto que a música tem um poder muito forte e transmite aquilo que são as nossas necessidades básicas”. A motivação de Feliciano surgiu das más condições de higiene e da má qualidade da água que tinha disponível na província do Niassa. Em 1992, depois de ter formado a banda Massukos, ele promoveu em conjunto com a Unicef um projecto para promover as latrinas.
Em 1996, ele estabeleceu a ONG “Estamos”, que tem por objectivo promover melhores condições de vida através de melhores condições sanitárias. “Este prémio serve para as pessoas perceberem que não interessa de onde nós vimos, o que é importante é realizar coisas que marcam a diferença”, refere Feliciano dos Santos. O prémio de 150 mil dólares vai servir para “alertar para os problemas que as populações de Moçambique e de África enfrentam no dia-a-dia”, conclui.

Artigo publicado n’O Observador, edição 192, de hoje e que muito gostosamente aqui transcrevo como incentivo a que outros africanos também continuem a contribuir para elevar o nome do Continente para além dos problemas políticos, da fome e da guerra, com que, predominantemente, somos relembrados.

2 comentários:

Azul Diamante azul disse...

Em Moçambique segundo já li o problema da Sida é muito grave.
Foi classificada como pandomia.
Tenho uma amiga Moçambicana que no ano passado foi lá de férias e ficou bastante assustada pelo que presenciou.

Anónimo disse...

PULULU. BLOGSPOT.COM /15 ABRIL 2008
1 comentário: Bel disse... Em Moçambique segundo já li o problema da Sida é muito grave. Foi classificada como pandomia. Tenho uma amiga Moçambicana que no ano passado foi lá de férias e ficou bastante assustada pelo que presenciou. 15-04-2008 23:14

http://pululu.blogspot.com/2008/04/lder-dos-massukos-um-dos-vencedores-da.html

Comentário de João Craveirinha no blog:

Não é consolo para Moçambique mas a gravidade podia ser pior. Gravíssima está a África do Sul com quase 3 milhões de seropositivos (ou mais) e os vizinhos do Zimbabué, Zâmbia, o Malawi (de onde se alastrou ainda mais para Moçambique a partir de 1989). Aliás, esse corredor rodoviário, tem afectado Moçambique com a agravante de “uma promiscuidade endémica” que percorre da África do Sul ao Malawi via Zimbabué atravessando o centro de Moçambique - Manica e Tete - com as consequências inevitáveis para a fragilizada cidade da Beira (ainda a segunda cidade do País). A livre circulação faz o resto na proliferação da "pandemia" através de hábitos sexuais displicentes afectando jovens pré-adolescentes sobretudo.

Relance da situação na Lusofonia:

Em ANGOLA ainda não se equacionou o problema na sua real dimensão, eventualmente, por razões políticas a exemplo de Moçambique e da África do Sul logo no princípio do surgimento do fenómeno em que as autoridades politicas (grosso modo) minimizavam a periculosidade da expansão do Aids /Sida. Só quando era impossível esconder a gravidade em Moçambique se divulgam alertas preventivos em campanhas e aí como de costume alguns tentam tirar proveito da desgraça alheia com projectos duvidosos. No entanto, outros são reais e de louvar e passam por grandes dificuldades para seguirem em frente.

No BRASIL a taxa é muito elevada segundo dados em anexo, as mulheres brasileiras, são as maiores vítimas infectadas pelos maridos e pelos namorados numa proporção de sete em cada dez são infectadas (estatísticas como sempre são projecções plus – minus mas mesmo assim não se deviam subestimar).

Em CABO VERDE todo o cuidado é pouco ainda para mais com a emigração de cabo-verdianos pelo mundo (no regresso ou em férias) e a imigração da costa ocidental africana devido a factores de acordos político – regionais de livre circulação. É de recordar que foi em 1977 que em Paris no Instituto Pasteur foi detectado pela primeira vez na pessoa de um cabo-verdiano o que viria a ser chamado de SIDA. O indivíduo foi diagnosticado com hepatite B que não sarava e daí se descobrir um vírus desconhecido, mutante, que impedia o seu tratamento e a sua cura. Daí surge a sigla SIDA em francês de - Vírus d’immunodéficience Humaine de type 1 (VIH-1) depois : Syndrome d’immunodéficience Acquise. A sigla em inglês deu AIDS: Acquired Immune Deficiency Syndrome.
Na GUINÉ-BISSAU o índice da Hepatite C é muito alto (26%?) e por aí se poderá inferir que a Sida parasitariamente terá campo fértil.

PORTUGAL na Europa comunitária (em proporção) vai no pelotão da frente com um dos maiores índices de contaminação superado pela Roménia.

SANTO TOMÉ E PRÍNCIPE não se sabem dados mais precisos. A proximidade do Gabão (Nigéria) podem influenciar negativamente neste caso, sem contar com a ligação a Angola. Uma ilha parece “protegida” pelo espaço geográfico marítimo da insularidade, mas, corre certos riscos adicionais ao abrir as portas sem controlo sanitário ao mundo externo. E quanto mais pequena a ilha mais vulnerável à epidemia que possa existir no continente mais próximo.

TIMOR-Lorosae: A procura de uma estabilidade política interna, parece tornar não prioritária a questão da Sida/Aids no País.

Em GOA a questão poderá se diluir no cômputo geral indiano na maior ou menor assumpção da existência de uma pandemia. Na Índia o “descontrolo” é quase total devido a questões culturais e religiosas.

MACAU socialmente dividida entre a comunidade lusófona e a chinesa poderá não se fazer sentir a gravidade da situação face a um critério político superior.
Na China consta haver regiões em que cerca 80% da população está infectada.

Recuando um pouco no tempo, o Aids/Sida, tornou-se mais mediático nas manchetes e preocupante para o mundo dos ricos do jet set, quando o actor norte-americano de Hollywood, Rock Hudson, num derradeiro alerta, se assume infectado com o Aids /Sida e em paralelo assumindo a sua homossexualidade. Elizabeth Taylor sabia, desde os seus 18 anos, da opção sexual de Rock Hudson, quando se apaixonou (ingloriamente) pelo actor protótipo do galã – super mactho, da década de 1950, ao protagonizar um papel no filme “Gigante”. Temática sobre famílias texanas (Dallas) na transição de ganadeiros para tycoon’s do petróleo. O malogrado, James Dean, foi outro actor interveniente.

Enfim, trata-se mesmo de uma pandemia e não é só para Moçambique e África mas sim a nível globalizado. Por outro lado o hábito de angariação de donativos tornou “alguns” políticos moçambicanos especialistas na “pintura do quadro” da desgraça alheia no “combate à pobreza extrema” do País. «Quem não chora não mama». E o quadro de si sombrio fica pior. Entretanto os mais desfavorecidos continuam entregues a si mesmos com a sua desgraça. «São paliativos» –, dirão uns. «Não chega para todos. É a triste realidade!»; dirão outros.

Só nos resta mesmo darmo-nos as mãos solidariamente, intervindo em cada área de nossa actividade, como fez o trovador moçambicano, Feliciano dos Santos de 43 anos, «usando a música tradicional» na dinamização de projectos comunitários sustentáveis na área sanitária, em regiões do interior de Moçambique. Esse empenho seria reconhecido nos Estados Unidos, sendo galardoado a 13 de Abril de 2008 em S. Francisco (E.U.A), com o Prémio Goldman de Meio Ambiente por «(…) dedicação destas pessoas à melhoria das condições de vida e do meio ambiente nas suas comunidades (…)».

João Craveirinha

Anexo: Sitografia
Prémio Goldman de Meio Ambiente: http://www.goldmanprize.org/2008_intl_release_portuguese

O Brasil e o Aids: http://veja.abril.com.br/saude/aids.html

Actualização da situação epidemológica global: CDC review – March 22, 1985 e outras fontes sitográficas:

http://www.cdc.gov/MMWR/preview/mmwrhtml/00000506.htm

Centers for Disease Control and Prevention – USA - http://www.cdc.gov/
www.springerlink.com/index/H227835V57525152.pdf

http://www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/234/4779/955