31 maio 2007

Porque não votamos?

O Governo de Angola, em reunião de ontem e com a presença do senhor Presidente da República, decidiu no alto das suas competências, não autorizar os angolanos na Diáspora votarem ao não permitir que estes se recenseiem por, segundo o ministro da Administração do Território e coordenador da Comissão Interministerial para o Processo Eleitoral (CIPE), Virgílio Fontes Pereira, haver dificuldades de operacionalidade técnica e logística para um correcto(?) recenseamento na Diáspora.
Antes esta desculpa do que aquela que alguns evocavam; da dificuldade de comprovar a angolanidade dos eleitores.
A mesma dificuldade, ou talvez muito menor, que aquela que o Governo angolano teve e terá com os refugiados e exilados provenientes dos países limítrofes. Sabe-se que entre eles tem entrado no País indivíduos que nunca foram ou tiveram qualquer ligação a Angola.
Se não nos poderemos recensear, e estando, segundo me disseram em tempos e como prevê a lei, que haverá representantes da Diáspora com assento na Assembleia Nacional – três deputados, distribuídos por dois círculos, de África e do Resto do Mundo –, como serão eleitos?
Vão sortear entre os partidos mais votados nas legislativas?
Será que a CNE e os seus representantes se vão reunir à volta de uma mesa de poker e de umas quantas e fresquinhas cucas e jogar uma partida de dados cujas faces serão as chipalas dos eventuais candidatos pela Diáspora?
Vamos ser sérios e intelectualmente honestos!
Se não podemos votar também não podemos ser eleitos.
E se não vamos poder ser eleitos como poderemos ver as nossas reivindicações e anseios tratados, devidamente tratados, nos areópagos da Nação?
As Embaixadas e os Consulados podem ajudar. Mas existem questões que os ultrapassam e só um deputado representante dos emigrantes poderá apresentar devidamente nos locais próprios.
Penso que ainda vão a tempo de alterar esta medida. Até porque como prevê Justino Pinto de Andrade as eleições não deverão ocorrer quando estavam previstas mas mais tarde. Pelo menos o recenseamento em Angola já foi prorrogado.
Agora o que no meio desta confusão política, o não se compreende é a surpresa da UNITA face à medida governativa, quando esta, juntamente com o MPLA e, agora, com o Fórum Cabindense para o Diálogo (FCD), faz parte do Governo de Unidade e Reconstrução Nacional, o GURN.
Se não concorda nem é achada nas medidas governativas só terá um caminho a fazer…
Artigo incialmente publicado no /Manchete sob o título "Angolanos de primeira podem votar - Os de segunda não".

1 comentário:

altohama disse...

Também tomei a liberdade de reproduzir no Alto Hama a manchete do Notícias Lusófonas. Parabéns, companheiro e irmão da diáspora.

Kandandu