24 abril 2007

Tudo no mesmo saco...

O que a seguir se transcreve está estampado no "Canal de Moçambique" que, para não houvesse dúvidas interpretativas, se limita a transcrever o que a directora do ensino geral de Moçambique afirmou.
Um mimo...
Então aqui fica:
"Embora passados quatro anos o Ministério da Educação e Cultura (MEC) reconhece que falhou ao misturar alunos normais nas mesmas turmas com outros alunos portadores de deficiência mental, visual, auditiva e/ou de fala. Em contacto com o «Canal de Moçambique» a directora Adjunta do Ensino Geral do Ministério da Educação e Cultura, Palmira Palma Pinto reconheceu que foi bom ter-se adoptado a tal política de não destrinçar.
“Reconhecemos as nossas fraquezas”, disse ela, numa atitude pouco vulgar em instituições do Estado que por princípio existem para zelar pelo que mais convém aos cidadãos e à sociedade.
“É muito difícil os alunos normais estarem misturados com os outros de deficiência mental, visual, auditiva e de fala numa única turma. Os alunos deviam estar separados e vamos separa-los até o 2º trimestre deste ano”, observou objectivamente Palmira Palma Pinto.
(...)Porque
Segundo Palmira Pinto “não podemos esperar bom rendimento escolar tanto dos alunos normais como também dos que transportam consigo as diversas deficiências em 45 minutos de aula”."
Ou seja, para a senhora directora deficientes visuais, auditivos e, ou de fala (isto é, e para que se entenda porque parece que a senhora não, cegos, surdos e mudos) estarão a um mesmo que deficientes mentais (doidos).
Vão tentar remediar um mal com outro ainda pior.
espero que a Ministra leia estas declarações e explique as diferenças à senhora directora Adjunta do Ensino Geral do inistério da Educação e Cultura!
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Nota: Entretanto recebi, sobre o assunto acima e quase em simultâneo quamdo o estava a escrever um comentário de João Craveirinha a acompanhar o texto integral do Canal de Moçambique que, pelo seu conteúdo e incisibilidade, merecem a sua publicação. As minhas desculpas ao autor por o ter feito sem previamente o solicitar. Mas sei que ele compreenderá.
"SURDEZ, MUDEZ e INVISUALIDADE não podem estar associadas à LOUCURA nem a ATRASO MENTAL. Porque na realidade loucas serão as medidas preconizadas pelo MEC para serem tomadas, segundo a peça em epígrafe com a devida vénia.
A confirmar-se, estaremos perante uma flagrante discriminação que não é positiva e viola todo o sentido de um humanismo na EDUCAÇÃO em Moçambique. E a sociedade continua seu curso impávido e sereno. (Também não admira com tanta anomalia governativa é mais uma.)
Vamos separar os alunos com problemas de deficiência mental, visual, auditiva e de fala numa única turma ainda dentro do 2º trimestre”. (sic)
A ser verdade estaremos perante um grande erro e falta de sensibilidade além de violar os direitos humanos universais.
SURDEZ, INVISUALIDADE (dita cegueira) e MUDEZ NÃO TÊM NADA A VER COM DOENÇA MENTAL. São problemas ou congénitos (de nascença) ou que se adquiriram. Qualquer um de nós pode adquirir essas deficiências por “qualquer azar” da vida ou acidente. Será que gostariam de estar com doentes mentais num banco da escola se perdessem a visão, a audição ou a fala? Que sociedade se (res) constrói em Moçambique?! Se não sabem como se faz que aprendam com os Países que o sabem fazer gerindo de outra forma com escolas especializadas para cada caso. Estudem os dossiers da matéria e não tratem pessoas como monstros com medidas monstruosas.
Tratar todos os deficientes por igual sem ter em conta as especificidades de cada um é o que faziam na Idade Média na Europa, tratando-os como bichos selvagens colocando-os em jaulas comuns. A Inquisição da igreja torturava-os para exorcizar os demónios.
Na Europa, na antiguidade clássica ocidental, na Grécia e Roma antigas, com o pretexto do culto do corpo físico belo e perfeito os deficientes eram executados à nascença (eutanásia). Na Alemanha, Hitler fez o mesmo na 2ª Guerra Mundial (1939/1945), incluindo a esterilização obrigatória às crianças mestiças filhos de homens africanos com mulheres alemãs. A mestiçagem era considerada deficiência genética.
No século XIX / XX os deficientes eram apresentados como “freaks” em circos.
Na África tradicional (medieval) há séculos atrás, normalmente os deficientes eram mortos à nascença (eutanásia) ou utilizados como aberrações para feitiçaria (incluindo albinos, aleijados, anões, etc.). No “plateaux” de Mueda era uma norma ainda no século XX. As anciãs executavam a eutanásia e a mãe era “poupada” (entre aspas) a ter um filho deficiente. No Império de Gaza eram discriminados e abusados. Na chefatura de Macombe em Manica (a deficientes) cortava-se-lhes a língua para “uivarem” como cães na entrada da paliçada anunciando a chegada de estranhos.
Hoje que discriminação oficial pretende o MEC?! Esperemos que seja um “lapsus linguae” (erro de expressão na fala) da Sra. (P3) directora Adjunta do Ensino Geral do Ministério da Educação e Cultura.
Coitada da maltratada Cultura em Moçambique sempre em último lugar. Por isso se tomam atitudes desta natureza. (Contra a Cultura, como capacidade de agir através de um pensamento intelectual especializado. Neste caso, a Educação como parte do todo da Cultura que se quer dinamizar num País. Pois tudo é Cultura é preciso é orientá-la pelo melhor caminho). Post scriptum: (O poeta-músico Ludwig van Beethoven (1770/ 1827) ficou surdo não se esqueçam e foi um génio de criatividade artística.) JC"

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