01 março 2006

O perdão da China ou o efeito Mahjong

Li hoje, que a China, através do seu vice-ministro do Comércio chinês, Wei Jianguo, terá anunciado, em Macau, que está a pensar reduzir a dívida dos países africanos de expressão portuguesa sem, no entanto, adiantar quaisquer pormenores ou indicar quais os países beneficiários.
Esta declaração, surgiu na apresentação do segundo encontro ministerial do Fórum Macau, que irá decorrer, em Setembro, em Macau, e aconteceu na sequência do discurso ocorrido no 60º aniversário da fundação da ONU efectuado pelo presidente chinês, Hu Jintao e onde afirmou que iria promover a redução da dívida aos países menos desenvolvidos e com alto endividamento e atribuído uma dotação de cerca de 9 mil milhões de dólares através de empréstimos a baixo juros, bem assim uma redução aduaneira nas importações de alguns desses países.
Três países lusófonos vão obter ou já têm empréstimos chineses e um viu grande parte da sua dívida perdoada.
Angola já beneficia de um empréstimo a juros reduzidos – cerca de 2,3 mil milhões de USD – para reabilitação dos caminhos-de-ferro e edifícios administrativos entre outros. Só que esquecem de dizer que esse empréstimo tem por base o envio de vários milhões de barris de petróleo como medida cautelar e de pagamento.
Cabo Verde e Guiné-Bissau também. O país da Morabeza vai receber um empréstimo de cerca de 2,4 a 2,5 milhões de dólares e os guineenses vão receber 2,5 milhões de USD para – pasme-se, porque será? – reabilitar casernas e moradias de militares e uma estrutura hospitalar em Canchungo, na região norte.
Por sua vez, Moçambique já terá beneficiado de uma redução a sua dívida em 22 milhões USD, algo como cerca de 70% da dívida moçambicana à China.
Mas será que a estratégia da China é assim tão solidária?
Ou mais não é que a retoma da política dos anos 70/80 do século passado; ou seja, a liderança dos chamados Terceiro e Quarto Mundos - os países dos AAA - que andava adormecida desde a queda do Muro de Berlim e da afirmação do Ocidente, em geral, e dos EUA, e particular, nos novos sistemas políticos africanos?
Todos conhecemos a proverbial paciência chinesa e o efeito Mahjong. Os tibetanos que o digam.

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