21 fevereiro 2007

Moçambique, as cheias e a soberba!

Na semana passada recebi de uma pessoa com responsabilidades institucionais em Moçambique, via correio electrónico e com o pedido de retransmissão a terceiros, a mensagem acima, o que fiz com muito gosto e prazer.
A Solidariedade não se discute nem se questiona. Principalmente quando estão em jogo vidas humanas e o bem-estar.
Pois foi com surpresa desagradável que recebi esta mensagem de São Tomé e Príncipe e que, com a devida vénia, passo a transcrever parte da mesma:
“…do pedido que fizeste para apoiar a catástrofe que aconteceu no País irmão (Moçambique) começamos a dar diligencias junto a autoridades do País e junto a cruz vermelha de S.T.P. só que o dia seguinte vimos a Primeira Ministra de Moçambique a rejeitar as ajudas Internacional, mas afinal o que esta a acontecer, os nossos dirigentes só complicam as coisas, só pode ser uma brincadeira da Senhora Primeira Ministra do vosso País, eu lamento bastante mas nos podes informar do que está a acontecer em Moçambique porque nos preocupa também…”
Como se pode verificar pelo prospecto acima o mesmo foi criado pela Cruz Vermelha de Moçambique (CVM).
Como pode Luísa Diogo desprezar os apoios que países irmãos estavam dispostos a oferecer e quando estes pedidos de apoio foram solicitados por uma organização humanitária de Moçambique com as responsabilidades sociais como as que têm a CVM.
Que não aceite apoios de governos estrangeiros, porque se acha um país cheio de recursos financeiros – será efeitos das ajudas da China? – para suprir as necessidades internas resultantes de catástrofes, ainda se compreende. Agora que rejeite o apoio de entidades e ONG como as das irmãs da CVM isso já não se entende nem se compreende.
A soberba não fica bem a ninguém!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Eugénio,

Não me viste eu encaminhar nenhum pedido de solidariedade dos muitos que recebo para com as cheias do vale do Zambeze em Moçambique plus ciclone Flávio pela simples razão de vários considerandos:

1. O governo de Moçambique já não pede ajuda internacional nem faz peditórios. Só em casos super graves como o das cheias de 2000.

2. Existe em Moçambique o governamental Instituto para Gestão das Calamidades Naturais, que canaliza os meios disponíveis.

3. O governo de Moçambique, actualmente, utiliza os próprios recursos e não aceita nem gere apoios não solicitados. Considera não ser sua vocação. Existem para isso ONG locais e internacionais.

4. Os apoios ou donativos dos cidadãos são simbólicos e há as dificuldades de chegarem aos destinatários.

5. A Cruz Vermelha de Moçambique (não é governamental) está subordinada à Cruz Vermelha Internacional na Suíça e não faz parte do governo de Moçambique. A CVM tem meios vastos de pedido de apoios seguros.

6. Se cada ministro moçambicano, em solidariedade interna, doasse 50 mil dólares de suas contas bancárias, seria um bom contributo.

Resumindo: Com tantas solicitações por Internet, a que somos assediados diariamente, o melhor é ficarmos quietos. Solidariedade sim, mas nunca sem resultados seguros. Será um desperdício de energias desmotivante. É duro mas é a realidade. Os governos de Moçambique e de Angola estão numa fase de dispensa de apoios difíceis de gerir, presumo eu. E ajuda não solicitada torna-se abstracta e dispersa. Não vale o esforço.

Cordialmente
João Craveirinha