06 dezembro 2006

Enquanto uns fazem, outros simulam

(a quem interessa em África estes assuntos?)

Quando toca a defender a língua nada há como os ingleses, os espanhóis e os franceses. Até alemães e russos e, agora, árabes não brincam em serviço.
Basta ver como o éter está cheio de satélites unicamente para transmitir canais televisivos nessas línguas.
E apesar de estar cheio, ainda não estão satisfeitos. Além do éter utilizam sem a mínima mornidão os dinâmicos Centros Culturais – basta recordar os Institutos Britânico e Cervantes ou os Centros Culturais Franceses – para mostrar quão viva estão as suas línguas.
Ao contrário de outra que, por acaso, é a segunda ou terceira língua mais falada do Planeta. Teorias!
E como não estão satisfeitos, os franceses passaram a emitir, desde ontem, um novo canal de informação internacional contínua, o France 24; com este novo canal os franceses desejam assegurar uma maior cobertura da actualidade africana.
Pois é!
Uns fazem, outros simulam que têm um canal para África onde a maior parte dos programas são resquícios de outros já transmitidos em Portugal ou alguns pseudo-programas culturais emitidos em simultâneo para África e Portugal (e também para o canal internacional) cujo conteúdo, em muito, deixa a desejar e nada tem de orientador ou culturalmente adquirível pelas culturas africanas.
Senhores directores da RTP para espalhar a nacional-cultura portuguesa vocês têm um canal próprio: RTP Internacional.
Deixem a RTP África para os assuntos africanos ou que a África diga respeito. Não nos basta ver uma meia-hora de um pequeno jornal “Repórter”, ou saber como se fazem alguns pratos típicos africanos ou qual a música do momento ou ter um excelente programa – retransmitido com quase seis meses de atraso – como o Kandandu ou, ainda, algum pequeno tempo de antena para alguns desportos afro-lusófonos (em regra o futebol e pouco mais); nem nos chega o excelente programa que é o África Global.
Queremos muito mais.
África tem muito para mostrar. Muito do bom – felizmente o que temos mais – mas, também, o que de mau se lá passa, nomeadamente corrupção, compadrio, má-governação, etc. e sua divulgação pode ajudar a acabar, ou minorar, os seus efeitos nas populações.
Por isso não surpreende que o francês e o inglês estejam paulatinamente, a se sobrepor ao português em países como a Guiné-Bissau e Moçambique.
E não me venham dizer que se deve à sua posição geo-estratégica.
Digam antes que há pouca vontade política de acabar com o pseudo-neocolonialismo tão intrínseco na esquerda portuguesa.
A esquerda portuguesa é capitalista mas como não reconhece o direito à iniciativa privada não permite que o canal para África seja realmente um canal para África e gerido em equitativa posição pelas televisões dos países afro-lusófonos.
Até lá vamos vendo uns a desenvolver e espalhar a sua língua sem amordaçar as culturas locais e outros vão fazendo de conta que têm um canal de união, mas que, na prática...
Por favor, deixem de gozar com a nossa chipala.

1 comentário:

Orlando Castro disse...

Caro Amigo,

Assino por baixo (pelo lado ou por cima) para que deixem de gozar com a nossa chipala. Mas, infelizmente, vão continuar a gozar...

Kandabdu