04 maio 2006

Os países mais vulneráveis ou o Failed States Index

Apesar do grande esforço de guerra e de apoio social que os EUA e os seus aliados têm canalizado para o Iraque e no Afeganistão, estes dois países estão, de acordo com um estudo efectuado pela organização Fund for Peace “Failed States Index” e citado pela a revista norte- americana Foreign Policy, entre os países mais vulneráveis para efeitos de “country-risk”.
De entre os 148 países analisados (a pontuação vai de 1, a mais baixa, a 10, a mais alta) constata-se que nos dez mais vulneráveis estão 6 países africanos (Sudão – o mais vulnerável de todos e em grande parte devido ao conflito no Darfour –, Congo Democrático, Costa do Marfim, Zimbabwe, Chade – a proximidade do Sudão e dos conflitos no Norte não serão alheios a esta posição – e Somália que, estranhamente, é só o 7º mais vulnerável), 3 asiáticos (Iraque – o 5º mais vulnerável –, Paquistão e Afeganistão) e um do Caribe (Haiti).
Entre os países da CPLP destaque para Angola que está como o 37º país mais vulnerável, em grande parte devido a factores como a pressão demográfica, movimento maciço de refugiados, desenvolvimento económico desigual no país, deterioração progressiva dos serviços públicos, ascensão de certas elites, criminalização e legitimação do Estado, violação dos Direitos Humanos e muito exposto à intervenção de actores externos.
Paradoxalmente, Angola está muito atrás de países como a Guiné-Bissau – o 46º estado mais vulnerável (aqui são o desenvolvimento económico, os serviços públicos e os Direitos Humanos os mais fortemente pontuados) –, de Moçambique – o 80ª país (migração crónica e os serviços públicos são os piores) –, Brasil – o 101º estado (desenvolvimento económico desigual no país) – e Portugal no 131º país entre os 148 analisados; no caso português os piores indicadores são as pressões demográficas e deterioração progressiva do serviço público.
Os cinco países menos vulneráveis são os nórdicos Noruega, Suécia e Finlândia, a Irlanda e a Suiça.
De notar que atrás de Portugal estão países como o Reino Unido, os EUA, França, Itália, Espanha ou Alemanha ou que Moçambique está melhor posicionado que países como Israel, Arábia Saudita, Rússia ou China.
Uma vez mais, constata-se que países como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe ou Timor não estão analisados. Não serão pelo facto de serem ilhas ou micro-estados, já que na tabela surgem países como as Maurícias ou Singapura.

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