28 junho 2005

Mussulo, quem a acode

Eu que, muitos durante anos, nadei e naveguei naquelas maravilhosas e cálidas águas, fosse de dia, ou, assim me deixassem, à noite, não podia ficar indiferente ao queixume de Francis Pac, no Angola Minha Terra.
Até porque, ainda há dias, vi no Angolé fotos de casas (diária quase palacetes sem qualquer enquadramento africano) à beira-mar, diria mesmo, do tipo “quando me levanto sinto a temperatura da água” e depois vou ao mata-bicho.
Por isso, e com a devida vénia, coloco a mensagem dele fazendo, também, minhas as suas palavras, o seu grito:

S.O.S MUSSULO
Chamo-me MUSSULO, sou uma península abençoada por uma beleza impar no país tropical ANGOLA.
Nasci há muitos milhões de anos, já vi cruzar nos meus mares Caravelas dos Descobrimentos, Barcos Negreiros e com o progresso Lanchas poderosas e Iates de luxo.
Sou orgulhosa daquilo que proporciono aos meus visitantes, eles fazem desportos radicais na água e nos trilhos das moto 4, fazem pesca de todos os tipos, fazem festas e barbecues, passam férias, eles habitam-me! e eu gosto de os ter!Estou rodeada de água temperada que delicia quem nela se banha, às vezes a corrente vem da esquerda por outras vezes vem da direita como se de uma dança se tratasse, (conforme a música que a Lua toca!) A coloração da água varia entre o verde e o azul. À noite, no lado do alto mar, sou a cama de muitos amantes que fazem juras de amor ao som das minhas ondas, cobertos por um manto de estrelas que se perdem no infinito Universo. Sou o postal e orgulho de uma Nação, sou a península MUSSULO!
Vi passar muitas gerações, mas não aguento muito tempo mais, ESTÃO A MATAR-ME!!!! Constroem sem me respeitar... sem estudar o impacto ambiental a que me submetem. Vêm da cidade e trazem toneladas de lixo, tudo que possam imaginar... o mais triste é que esse lixo fica e nunca volta, estou triste por me tratarem assim, não mereço tamanho desdém nem tanta falta de respeito.
Vejo-vos passar nos vossos barcos e motas de luxo a poluírem a água derramando ao longo dos anos combustível.
Vejo-vos ao longo dos anos a consumirem bebidas que logo depois atiram para o meu mar.Vejo-vos ao longo dos anos, nos fins-de-semana prolongados, nas férias, na páscoa, no Natal e Ano Novo, a desembarcarem em mim toneladas de bebida e nunca vejo os vasilhames a regressar.
Depois das vossas festas ficam sempre rastos de latas e garrafas por aqui e por ali, o mar limpa-me a costa arrastando consigo o vosso lixo para o fundo do mar tendo como consequência a morte da fauna e da flora.
Quero ser desfrutada hoje e amanhã!.. Não me destruam!.. Tratem bem de mim!.. Respeitem-me, cuidem-me e preservem-me para que os vossos filhos e netos possam desfrutar aquilo que eu vos ofereço agora. Não sei quanto mais tempo vou durar, já tenho um combate com a natureza contra a erosão natural, não tenho forças para lutar contra a vossa poluição.
AJUDEM-ME!!!!!!! Amor com amor se paga!
Tu que estás a ler o meu lamento, não tenhas vergonha de dar o exemplo! Deixa de pensar que és o único a fazer o certo e que tu sozinho não vais mudar nada, são gestos como o teu que pouco a pouco vão fazer a diferença. Ensina ao teu vizinho a colocar o lixo no saco, a trazer de volta e colocar no devido lugar, ensina aos mais novos a plantar árvores e a recolher o lixo, o exemplo começa por ti! Deixa de pensar que és pequeno e ocupa o teu lugar como um grande na sociedade civilizada... Conto contigo para me salvares!

1 comentário:

Azul Diamante azul disse...

A enorme quantidade de dejectos que se produzem por lá nos fins de semana ficam todos na água.
Em pequena costumava acampar por lá aos fins de semana com amigos quando iamos à pesca de barco e apanhar caranguejos na praia.

Beijinhos