25 junho 2005

Guiné-Bissau, Crise e resultados

Por razões de ordem pessoal, estava na Assembleia-geral extraordinária que aprovou, definitivamente, os novos Estatutos da Casa de Angola, em Portugal, só tomei conhecimento da crise guineense nesta madrugada.
Hoje, algumas pessoas que contactei e que me contactaram perguntaram-me se estava surpreendido.
No imediato respondi que sim, mas pela tardia atitude do PRS e do seu líder natural Kumba Yalá em se “rebelarem” dado que, e ainda os resultados não tinham sido divulgados – nem os provisórios – e já aqueles se queixavam da existência de fraude eleitoral.
Mais surpreendido fiquei quando constato que o senhorio do Palácio das Necessidades se mantém calado e é o Ministro da Defesa, Luís Amado, que anuncia a preocupação com Portugal segue a evolução dos acontecimentos em Bissau.
Surpreendido – ou talvez não - porque, uma vez mais, Portugal parece não ter uma linha clara nas Relações Externas – nem linha, nem fio condutor.
Mas não surpreendido pela tremideira com que as autoridades resolveram o caso; vários feridos e três mortos, segundo parece pertencentes a estrutura jovem do PRS.
Porque como já tinha referido em vésperas das eleições em artigo no JN, os militares estão estranhamente calmos.


Nota: Sobre este assunto um artigo de opinião meu publicado, também hoje, no Notícias Lusófonas, sob título "Em Bissau não há espaço para os políticos honestos"

Entretanto saíram os resultados definitivos que passo a divulgar:

Resultados finais das eleições (divulgados pela CNE):
RESULTADOS DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 19 DE JUNHO:

Total de eleitores inscritos: 538.471.
- Total de votantes: 471.843 (87,63 cento).
- Votos brancos: 13.239 (2,46 por cento).
- Votos nulos: 10.516 (1,95 por cento).

CANDIDATOS

Malam Bacai Sanhá (apoiado pelo PAIGC) - 158.276 (35,45%).
João Bernardo “Nino” Vieira (independente) - 128.918 (28,87%).
Kumba Ialá (apoiado pelo PRS) - 111.606 (25,00%).
Francisco Fadul (PUSD, de que é líder) - 12.733 (2,85%).
Aregado Mantenque Té (PT, de que é líder) - 9.000 (2,02%).
Iaia Djaló (independente) - 7.112 (1,57%).
Mário Lopes da Rosa (independente) - 4.863 (1,09%).
Idrissa Djaló (PUN, de que é líder) - 3.604 (0,81%).
Adelino Mano Queta (independente) - 2.816 (0,63%).
Faustino Imbali (PMP, de que é líder) - 2.330 (0,52%).
Paulino Empossa Ié (independente) - 2.015 (0,50%).
Antonieta Rosa Gomes (FCG/SD, líder) - 1.642 (0,37%).
João Tátis Sá (PPG, de que é líder) - 1.378 (0,31%).

Fonte: Notícias Lusófonas

1 comentário:

Brigida Rocha Brito disse...

É verdade, Eugénio, também eu fiquei surpreendida não com a reacção mas sim com a "manifestação" tardia.
A 2ª volta espera-se "acesa", infelizmente, porque a falta de aceitação, de respeito pelas diferenças e atitude democrática parece perpetuar-se na "terra das dezenas de etnias".
O "amigo Kumba" não vai ficar quieto e com ele outros surgirão. Esperemos que este prognóstico esteja completamente errado e que a paz e o respeito sejam a constante daqui para a frente.
E, não querendo ir muito por aí, gostava também de ver uma atitude (pelo menos uma palavra) por parte dos nossos representantes. E que as relações externas e a cooperação não se façam apenas em momentos de "pós crise instalada" ou quando "as vantagens comparativas" emergem.

Acabei de ouvir que os apoiantes do Kumba foram libertados esta tarde... mas o problema continua latente, não é mesmo?