05 janeiro 2005

Decisão de Mugabe gera contestação

Um raro protesto aconteceu às portas do quartel general do partido governamental Zanu-PF.
Manifestantes femininas cercaram o carro do comissário político Manyika Elliot e não o deixaram partir até que este tivesse concordado em ouvir seus problemas. Elas acusam o governo de manipular as listas de candidatos às eleições parlamentares de Março.
Tudo isto porque alguns funcionários do partido, a maioria presidentes provinciais, decidiram contestar a escolha de Mugabe para o cargo de vice-presidente.
Mas não foram só eles os preteridos.
Ministros de peso bem como o líder dos veteranos de guerra, Joseph Chinotimba, também não aparecem nas listas do partido, indo ao encontro de notícias que dão como tendo sido afirmado por Mugabe que seria ele a determinar quais dos seus ministros seriam candidatos parlamentares.
Como se espera que Mugabe se retire em 2008, é de prever que a luta pelo poder dentro da Zanu-PF possa vir a ser muito intensa, prevendo os observadores que seja uma das piores em 30 anos de poder.
Entretanto, o principal partido de oposição já ameaçou boicotar as eleições.

Não há dúvida Zimbabwe mantém-se sob um poder despótico e ditatorial que nem a própria oposição parece ter condições (ou não quer) para a debelar, além de ter o beneplácito explícito, ou discreto, de alguns dirigentes de países vizinhos.
Até lá o povo vai mantendo-se numa letargia assustadora vendo as suas riquíssimas matérias-primas serem leiloadas conforme os interesses em presença. Agora são as reservas de platina, avaliadas em 290 milhões de dólares que estão a ser negociadas com investidores estrangeiros.

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